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A mostrar mensagens de 2011

OS BONS E OS MAUS MALANDROS

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E xiste da parte de alguns sectores da sociedade portuguesa uma tendência para estigmatizar os grupos mais fragilizados, isolando-os ainda mais ou apontando-lhes mesmo o dedo. Essa atitude é tanto mais condenável quando é feita com base numa dualidade conflituosa e revela uma moralidade simplista baseada nos bons e maus  malandros. O que se tem dito sobre o Rendimento Social de Inserção e a forma como os que dele beneficiam têm sido tratados demonstra isso mesmo.

QUEM PAGA A FACTURA?

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Para quem entende muito pouco de economia - assim é o meu caso - mas a quem, apesar de tudo, a vida já ensinou alguma coisa, parece ridícula, quase patética, a discussão sobre as dívidas que deixamos às gerações futuras. Não tanto pelo tema em si, mas sobretudo pelos moldes em que a discussão foi e é feita, embora nos últimos tempos assuma outros contornos e se prefira ignorá-la. A discussão recorda-me as contas do Sr. Pedro, merceeiro das memórias da minha infância, mas que, ao contrário destes novos zuavos, fez viver muita gente.  Digo parece-me, porque esta é apenas a opinião de um simples cidadão, embora atento, que dos malabarismos das Contas do Estado (de todos nós) nada entende, correndo por isso o risco de o senso comum em nada ser ajustável à realidade. A discussão assenta numa visão completamente deturpada e, pior ainda, ignora as várias componentes da economia, todas elas importantes, não devendo existir supremacia de qualquer delas em relação às outras.

TRANSPORTES DA DEPRESSÃO

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T empos de vacas magras não serão certamente propícios ao dispêndio de tempo a imaginar o futuro, uma vez que o presente é de tal forma avassalador que não deixa o mínimo de espaço aos devaneios de um qualquer sonhador ou construtor de utopias. Contudo, algo que só o futuro nos ensinará é que o presente marca definitivamente o tempo que há-de vir. Se de tal evidência o humano tivesse consciência, não deixaria, mesmo em tempos de míngua, de cuidar zelosamente do seu futuro. Ou do futuro daqueles que lhe hão-de suceder, já que essa é também uma sua responsabilidade. Infelizmente são raros os visionários com tamanha ousadia.

SER SUSTENTÁVEL É TER FUTURO

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Este texto faz parte da publicação editada pela Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza, em Março de 2011, na comemoração dos seus 25 anos de existência. A publicação - «25 ANOS QUERCUS - 25 PERSPECTIVAS PARA O FUTURO», inclui escritos de pessoas conhecidas e reconhecidas da nossa sociedade, sendo porventura o presente texto um dos mais modestos. A escrita, por vezes telegráfica, deve-se ao guião apresentado pelo editor e aos limites amavelmente aconselhados. Um grande bem-haja à Susana Fonseca, Vice-Presidente da Direcção Nacional da Quercus, por ter confiado a este modesto colaborador tão precioso espaço. 

(DES)UNIÃO QUE NOS (DES)GOVERNA

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J ean-Claude Trichet, dias antes de abandonar o comando do Banco Central Europeu (BCE), declarava numa breve entrevista ao jornal «Le Monde» (31/10/2011): " Os decisores políticos devem fazer um esforço de antecipação dos acontecimentos, mesmo se o tempo de decisão nas nossas democracias não é necessariamente o mesmo dos mercados". Não será difícil, mesmo para o mais incauto e distraído dos cidadãos, estar de acordo com tal declaração. O problema está precisamente na capacidade de antecipação dos decisores, já que essa é uma qualidade que, embora possa ser mais ou menos inata, depende de determinados factores.

DESCONFIANÇA - Implosão do Futuro

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B astas vezes me interroguei sobre as razões que levam as pessoas a eleger candidatos cujo historial é de corrupção ou, no mínimo, muito pouco transparente. Entre as muitas razões, umas de raiz mais especulativa que outras, cheguei à conclusão que uma das principais, quiçá síntese de todas as outras, será a DESCONFIANÇA. Apesar do paradoxo, penso que é precisamente aí que se situa o cerne da questão ou, melhor dizendo, da decisão. A desconfiança em relação a toda a classe política conduz a que, numa decisão de grande racionalidade, se vote naquela pessoa, desde que tenha o mínimo de obra feita e apesar do aparente descrédito, que represente menor risco face ao desconhecido da mudança.

PRODUÇÃO: GANHAR TOSTÃO OU MILHÃO

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São muitos os que na praça pública sobre a crise discorrem não se inibindo de apresentar as mais diversas soluções, embora muitas delas pecando pela falta de inovação ou fazendo homenagem à preguiça mental. Imagino que sejam muitas as interrogações que tanto discurso nos coloca, sobretudo quando procuramos entender a mensagem para além das doutas palavras. Dizem-nos que é necessário aumentar a produtividade. Nada contra, pois aí estaremos todos de acordo. Em nome desse aumento de produtividade obrigam-nos a trabalhar mais umas horitas ! E há quem esfregue as mãos de contente e pisque o olho a tão sábia decisão. Que diabo, o País precisa! O País merece! É verdade, embora a mim me pareça que haja muitos que não mereçam o país ou sobretudo a  gente deste nosso palmo e meio de terra e de muito mar. Calma aí porque agora a dança é outra.

DESCONFIANÇA DO ESTADO SOCIAL

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E ste país parece gostar de correr riscos de cujas implicações futuras não tem qualquer ponta de consciência. O governo (ou governos) em vez de minimizar os riscos, como seria seu dever e responsabilidade, tende em alguns casos a ampliá-los ou, no mínimo, a enfatizá-los. É sabido que o Estado Social (ou aquilo que dele nos tocou), tal como o conhecemos, passa por grandes dificuldades, tal como também acontece com as sociedades em que se insere.

ECONOMIA SOCIAL E SOLIDÁRIA

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No passado 21 de Setembro foi aprovada na Assembleia da República, na generalidade, o Projecto de Lei de Bases da Economia Social. O presente documento foi viabilizado com o voto favorável do PSD e CDS-PP, tendo o contado com a abstenção do PS - à excepção do voto negativo de quatro deputados - e o voto contra dos restantes grupos parlamentares. O Projecto baixou à Comissão de Economia e Obras Públicas onde será discutido na especialidade.

ECONOMIA - Lugar onde se constrói a vida em conjunto

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Elena Lasida é uma economista uruguaia, católica, que vive em França onde é professora na Universidade Católica de Paris. A Economia Social e Solidária e a preocupação por um desenvolvimento sustentável têm sido  o mote de algumas das suas intervenções. Mas, mais do que isso, ela olha para a economia como um espaço relacional, de aliança e de promessa, onde seja possível construir a vida (o futuro) em conjunto, onde a cada um seja dada a oportunidade de ser feliz em sociedade. Em boa hora o grupo da Economia com Futuro a trouxe ao nosso país onde foi uma das intervenientes no painel de abertura da conferência do passado dia 30 de Setembro. A sua intervenção está disponível, para quem o desejar, no site da Economia com Futuro ( http://www.economiacomfuturo.org/pages/conferencia/abertura/lasida.php ).

NEGÓCIOS SOCIAIS

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EXERCÍCIO DE CIDADANIA .  AFIRMAÇÃO DA CONSCIÊNCIA SOCIAL E xiste alguma falta de clareza na utilização de vários termos como sejam  Empreendedorismo  Social, Negócio Social ou Empresa Social. Esta mesma falta de clareza também resulta do entendimento que destes termos se tem nos diferentes países ou regiões do globo e da literatura daí resultante. Embora actualmente seja politicamente correcto falar de Negócios Sociais, a verdade é que eles já existem há algum tempo, apesar de, numa perspectiva económica, não tenham tido a visibilidade desejada. Mais uma vez, coube a Muhammad Yunus o mérito de lançar para a discussão mundial este tema.

DE ENGANO EM ENGANO SE CAI NO ENGODO

A conversa sobre os independentes no Governo já começa a ser cansativa, tanto mais por não corresponder inteiramente à verdade, sendo mais um slogan de propaganda do que compromisso assumido. Não me restringindo apenas ao presente governo, a verdade é que a ênfase sobre ele recai por se ter tornado quase obsessão o pretender fazer dessa sua característica símbolo de desapego partidário e arauto da moralidade.

MICROCRÉDITO, DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO, DISTRIBUIÇÃO DE RIQUEZA

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P or me parecer de grande actualidade, partilho aqui a intervenção feita, enquanto Secretário-geral da Associação Nacional de Direito ao Crédito, no encontro organizado pela revista «CAIS», em 29 de Maio 2009, no Centro Jean Monnet, o qual teve como lema «FORUM EUROPA -PARTICIPAÇÃO NO PROJECTO EUROPEU». Trata-se apenas de uma opinião, mas é na partilha da diferença que poderemos encontrar o caminho.  1. INTRODUÇÃO Antes do início desta nossa conversa, quero expressar, em nome pessoal e da Associação Nacional de Direito ao Crédito, o nosso muito obrigado à CAIS pelo convite que nos foi endereçado para participarmos neste fórum. Esta é uma iniciativa que muito prezo e tendo já por diversas vezes participado em iniciativas promovidas pela CAIS. É sempre com muito gosto que o faço.  Devo confessar que me sinto na posição incómoda de tratar de uma temática que, pela sua complexidade e importância, mereceria certamente outro orador, já que não sendo especialista de coisa...

Férias...Amigos...Leituras

Este é o tempo que a maioria dos portugueses - aquela que ainda tem opção! - escolhe como período predilecto de férias. Ou não fossem o sol e as belíssimas praias atributos de excelência deste jardim à beira mar encantado. Confesso que para mim, pouco amante de calor e de sol, prefiro um passeio à beira do areal ao início ou ao final do dia, gozando das belíssimas cores que a natureza nos oferece. Sou mais dado a uma belíssima sombra e a um descanso mais pacato, onde não tenha que me cansar a escolher um quadradinho para a toalha ou a ouvir as lamúrias do vizinho ocasional a teorizar sobre o estado do país e sobre a gente que não tem consciência da crise - sendo ele a única e honrosa excepção - porque se a tivessem não estariam ali a ocupar o espaço que ele gostaria de ter só para ele. Independentemente das preferências, a verdade é que este é um período de lazer, de encontro com os amigos, de desfrutar sem pressa uma boa refeição com os que nos são queridos... enfim fruir o tempo sem...

Jorge de Sena - Carta a meus filhos sobre os fuzilamentos de Goya

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Mário Viegas diz Jorge de Sena

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No País dos Sacanas

Que adianta dizer-se que é um país de sacanas? Todos o são, mesmo os melhores, às suas horas, e todos estão contentes de se saberem sacanas. Não há mesmo melhor do que uma sacanice para fazer funcionar fraternamente a humidade da próstata ou das glândulas lacrimais, para além das rivalidades, invejas e mesquinharias em que tanto se dividem e afinal se irmanam. Dizer-se que é de heróis e santos o país, a ver se se convencem e puxam para cima as calças? Para quê, se toda a gente sabe que só asnos, ingénuos e sacaneados é que foram disso? Não, o melhor seria aguentar, fazendo que se ignora. Mas claro que logo todos pensam que isto é o cúmulo da sacanice, porque no país dos sacanas, ninguém pode entender que a nobreza, a dignidade, a independência, a justiça, a bondade, etc., etc., sejam outra coisa que não patifaria de sacanas refinados a um ponto que os mais não são capazes de atingir. No país dos sacanas, ser sacana e meio? Não, que toda a gente já é pelo menos dois. Como ser-se ent...