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A mostrar mensagens de fevereiro, 2019

ABUSOS SEXUAIS DE MENORES: TSUNÂMI NA IGREJA

Este é um artigo um pouco, ou muito, diferente do habitual, mas senti-me na obrigação e no dever de o escrever e de o partilhar. Não apenas pela revolta que este vendaval me causou, sobretudo pela omissão da igreja, mas também pela hipocrisia que por aí circula de quem, através deste vendaval, pretende lavar a sua própria consciência. Podemos ou não ser católicos, podemos ou não acreditar, podemos até desconfiar da bondade da igreja, mas não podemos negar a coragem do Papa Francisco em enfrentar o problema e de afirmar, de forma muito clara, que é tempo de limpar e arrumar a casa. Sabemos que não irá tudo resolver, mas este foi sem dúvida um grande passo, sobretudo porque  feito de forma aberta e transparente e não no secretismo dos corredores do Vaticano. Sendo católico - sobretudo cristão - sou daqueles que não acredito na mudança das instituições sem que as pessoas mudem. As instituições, sejam elas quais forem, são espaços de poder onde se tecem relações que cimentam ainda mais

CORROSÃO DA DEMOCRACIA

A corrosão da democracia faz-se pela chamada “corrosão por pites”, por cova, o que significa que ela vai actuando em pontos específicos, os mais vulneráveis. A degradação da democracia nunca acontece de forma intempestiva ou de uma forma uniforme, mas é antes um processo lento e gradual até ao ponto em que se torna perigosamente visível e corrosiva e, de um modo geral, nesse momento já será demasiado tarde, porque irrecuperável. Isso acontece porque vão aparecendo pontos vulneráveis e algumas portas que, por razões diferentes, se vão deixando entreabertas. Talvez por isso seja tão difícil ao cidadão comum perceber quais as portas que vão ficando entreabertas ou quais os pontos de corrosão e das correntes de ar ou danos que vão provocando. Ao não possuir toda a informação ou, se a tem, saber se é informação fidedigna, para além de ter um sentido crítico sobre a mesma é tarefa cada mais mais difícil e complexa. Por outro lado, o instinto de sobrevivência (o momento) leva-o a ir atr

QUE ENSINO PRETENDEMOS?

Veio agora de novo à baila - escaparam-me as razões - a questão das propinas no ensino superior. Para início de conversa e para que conste, na minha modesta opinião o ensino, tanto quanto possível deveria ser gratuito e responsabilizador. Tal como a saúde e outros direitos inscritos na constituição. O ensino deve ser suportado pelo Orçamento de Estado, ou seja, pelos impostos de todos nós, equitativamente colectados e pagos. As propinas são apenas uma parte do custo que as famílias suportam. Aliás, o problema começa logo na infância e na dificuldade em encontrar creches para as crianças. Quando tanto discursam sobre a natalidade, importa que sejam coerentes. Confesso que  não entendo a posição de alguns, sobretudo oriundos da direita, que sendo acérrimos defensores do apoio do Estado aos colégios privados são contra a gratuidade do ensino superior. Será que pretendem que aceda ao ensino superior apenas uma elite?  O ensino deve, por um lado, ser visto pela sociedade como um investimen

ENFERMEIROS - UMA GREVE CONTRA SI PRÓPRIOS

A greve dos enfermeiros veio introduzir algumas mudanças sobre as quais valerá a pena reflectir. Não sei se têm ou não razão ou se esta estará apenas de um dos lados. Imagino que tenham as suas razões e estas devem ser respeitadas. Contudo, o respeito pelas suas razões não significa que a verdade esteja do seu lado. Ou apenas do seu lado. A realidade tem sempre leituras diversas dependendo das fundamentações da sua interpretação. Aliás, e não será despiciendo, as suas razões serão porventura semelhantes às de outras classes profissionais e quiçá com um grau de urgência menor. Nem mais nem menos justas, nem mais nem menos urgentes.  Sendo a greve um direito cujo exercício implica sempre perturbações, incómodo e prejuízo para terceiros - se assim não fosse não teria grandes efeitos -, importa fazer um balanço entre os benefícios para os próprios e prejuízos para terceiros, pois só assim o exercício do direito encontra justificação. Daí que uma greve, qualquer que ela seja, deva ter e