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A mostrar mensagens de abril, 2013

UM PRESIDENTE FORA DE TEMPO

Ao contrário do que parece ter acontecido à maioria dos comentadores e aos partidos da oposição, não me parece que o discurso do Presidente nas comemorações de Abril tenha causado qualquer surpresa. Sobretudo após o «acordo» com o governo na sequência da decisão do Tribunal Constitucional. Cavaco foge das crises e da instabilidade como o diabo foge da cruz. Além de essa característica não se enquadrar na forma como olha a sua função de presidente, também não faz parte do seu comportamento político ser causador, mesmo se indireto, de qualquer tipo de fractura. Acresce ainda o facto de Cavaco não possuir a estaleca política e a preparação mental para gerir situações de grande tensão. Não faz parte do seu ADN. Está muito mais próximo do tecnocrata e do técnico – vertente bem patente em muitos dos seus discursos – do que do político capaz de ler a realidade e, sobretudo, sobre ela refletir e gerir as consequências das suas decisões projetando-as no futuro. Não significa isto que não seja u

FESTEJAR ABRIL. HONRAR A LIBERDADE

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Só há liberdade a sério quando houver | Liberdade de mudar e decidir |quando pertencer ao povo o que o povo produzir| quando pertencer ao povo o que o povo produzir            TROVA DO VENTO QUE PASSA   Trova do vento que passa Pergunto ao vento que passa notícias do meu país e o vento cala a desgraça o vento nada me diz. Pergunto aos rios que levam tanto sonho à flor das águas e os rios não me sossegam levam sonhos deixam mágoas. Levam sonhos deixam mágoas ai rios do meu país minha pátria à flor das águas para onde vais? Ninguém diz. Se o verde trevo desfolhas pede notícias e diz ao trevo de quatro folhas que morro por meu país. Pergunto à gente que passa por que vai de olhos no chão. Silêncio -- é tudo o que tem quem vive na servidão. Vi florir os verdes ramos direitos e ao céu voltados. E a quem gosta de ter amos vi sempre os ombros curvados. E o vento não me diz nada ninguém diz nada de novo. Vi minha pátria pregada nos braços em cruz do povo. Vi minha pátria na margem dos rio

ERROS DE EXCEL OU ESTUPIDEZ HUMANA?

Parte I Imagine-se um governo imaginário, de um país também ele fruto da imaginação, que, enclausurado num bunker, governava o país através de planos sofisticadíssimos baseados em modelos, concebidos por grandes especialistas, resistentes a toda a prova. Tudo estava previsto… ou quase tudo. Para esse governo, a realidade, por mais complexa que fosse, estava confinada àquele bunker e toda a sua complexidade cabia nos planos sofisticadíssimos concebidos por doutos especialistas. Certo dia, convencido que estava da sua grande obra, o governo decidiu sair do bunker para admirar a maravilha resultante da sua arte criadora. Ao libertar-se do bunker e dos planos sofisticadíssimos, e para sua grande surpresa, deparou-se com uma realidade aterradora, o país deixara de existir. Na verdade, o espaço físico era o mesmo, mas era apenas isso. Um espaço deserto, sem vida, decrépito, moribundo, completamente abandonado às leis da mãe natureza. O governo desse país imaginário, confrontado com tal cená

O NÃO CONSENSO COMO VIA DE DIÁLOGO

Há já alguns anos, num dos encontros internacionais em que participei, um investigador francês da área da sociologia, ativista em programas de inclusão, defendia que mais do que os consensos teríamos que aprender a valorizar o não consenso – o “ desconsenso ”. Desde então, esta ideia subversiva tem-me acompanhado, embora sem perceber, até hoje, o seu verdadeiro alcance em termos de futuro, caso fôssemos capazes de a praticar nas diferentes situações do quotidiano. Dizia ele que as sociedades democráticas ao fazerem da arte do consenso um fundamento da própria democracia, acabaram por desvalorizar o essencial na evolução e aprofundamento das próprias democracias, ou seja, o diferente. Os consensos, na tentativa de inclusão, tendem a adulterar o que é radicalmente novo e diferente no outro. Existe uma espécie de aculturação ideológica, embora subtil, que não introduz qualquer elemento disruptivo, mas que, ao contrário, estabelece uma continuidade travestida de novidade. Esta valorização

TROIKIANOS ATACAM…

1. REMODELAÇÃO: Campeonato perdido Passos Coelho é como aqueles treinadores que, sendo ele próprio mau treinador e com uma equipa também ela fraquinha, se convence que alterando a posição de um único jogador e contratando um avançado de renome terá ainda hipóteses de ganhar o campeonato. O mau planeamento, a ausência de estratégia e a incapacidade de comandar e motivar a equipa conduzem-no a uma última tentativa de desespero. É verdade que também não se percebe porque aceita um avançado de renome entrar numa equipa tão fragilizada! Mas como se não bastasse o treinador ser mau, parte da equipa (CDS) contesta a estratégia do treinador e, pior ainda, dizem haver jogadores importantes vendidos (os irlandeses, estupefactos com as posições de Gaspar, dizem que ele é o ministro das Finanças da Troika e não de Portugal). Treinadores há cuja dignidade lhes permite reconhecer humildemente o fracasso, solicitando a demissão. Infelizmente, não é o caso e este grande clube que é Portugal está cond

EVIDÊNCIAS PARA LEMBRAR

Evidências há que devem de ser sublinhadas para que não sejam atiradas para o fundo do baú da nossa memória. Nós, seres humanos que somos, temos a capacidade – ou o dom – de manipular a nossa memória consoante as conveniências, mas é bom que nunca esqueçamos que o futuro depende, em grande parte, do legado que deixaremos aos que nos seguirão, ou seja, da memória e da consciência crítica que às gerações futuras sejamos capazes de transmitir. Deixo-vos aqui algumas dessas verdades (as minhas) evidentes para que as tenhamos presentes, sobretudo nos momentos em que nos daria mais jeito atira-las para o fundo do baú. 1. A responsabilidade das consequências decorrentes da decisão do Tribunal Constitucional cabe em exclusivo e por inteiro ao Governo, sendo ela ainda maior quando se é reincidente no erro. Ao tribunal cabe velar pela Constituição, ao Governo cabe governar de acordo com a Lei Fundamental do País. Ignorar este princípio básico da democracia, ou pretender cinicamente ultrapassá-