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A mostrar mensagens de 2015

LEGITIMIDADE DE UNS .... ILEGITIMIDADE DE OUTROS...

De uma vez por todas, entendamo-nos sobre a legitimidade de uns e a ilegitimidade de outros. Ou eu sou muito bronco ou esta é a discussão mais patética a que nos últimos tempos assisti. Primeira pergunta: cabe ou não aos deputados, enquanto eleitos pelo povo e seu legítimos representantes, encontrar as soluções adequadas para os problemas do país?! É ou não um problema a coligação não conseguir encontrar uma maioria que a suporte? São ou não são os deputados que conferem legitimidade às soluções encontradas? Se a resposta a estas perguntas for afirmativa, como julgo que qualquer democrata o fará, não entendo qual o sentido da discussão sobre a legitimidade ou ilegitimidade. Primeiro, qualquer partido representado na assembleia terá legitimidade para governar se essa mesma legitimidade lhe for conferida pelos seus pares. O voto do povo apenas tem tradução na eleição dos deputados e não na eleição de um primeiro-ministro, seja ele qual for. É verdade que a coligação teria legitimidade

TEMPO DE ESPERANÇA... E EXPECTATIVAS TEMPERADAS...

Não é por acaso que a direita diz não existirem atualmente diferenças entre esquerda e direita. Primeiro, têm um entendimento da esquerda restrito e balizado pelo código normativo de uma sociedade de mercado. Quem ouse se interrogar sobre esse normativo, será qualquer coisa de radical, mas certamente não de esquerda. O problema é que a direita vê a esquerda, e pretende que assim seja, como uma muleta das suas políticas ou, pelo menos que não questione determinados princípios normativos. Para a direita a realidade é simples: é aquela que é definida pelos mercados, por isso o acto de governação não é algo de complicado, basta-lhe ser pragmática e cumprir o que outros lhe ditam. Mesmo que nos digam que se interessam pelas pessoas - e há quem acredite - a verdade é que a sua realidade se reduz à aritmética ou, para os mais sofisticados, à matemática, embora se esqueçam propositadamente de algumas variáveis. Por isso a direita, e os muitos ditos comentadores e analistas que a acompanham

FESTEJAR ABRIL

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F ui um entre os milhares que, no dia 25 de Abril, desfilaram avenida da Liberdade abaixo até ao Rossio. Festejar Abril é reafirmar os princípios e os Objectivos que foram os da Revolução dos Cravos e que se tornaram no sonho colectivo de todo um povo. Hoje é imperioso que se continue a afirmar os ideais de Abril, nomeadamente a liberdade de decidir sobre o futuro e a liberdade de ousarmos percorrer caminhos que sejam escolha nossa e não de terceiros. No momento em que estruturas supranacionais, não eleitas, ditam as regras e se pretendem sobrepor à vontade dos povos, é a própria democracia que corre perigo. Relembrar e afirmar acontecimentos marcantes da História colectiva é também a forma de mantermos viva a memória, sobretudo nas gerações mais novas, assumirmos criticamente o passado e viver o presente  na esperança de um futuro que seja colectivamente melhor. Festejar Abril é uma forma de dizer não ao esquecimento em que muitos pretendem encerrá-lo e, sobretudo, lutar contra o e

E ASSIM VAI O PAÍS...E NINGUÉM SE INCOMODA...

INVESTIMENTO Por mais eloquente que seja o discurso ou por maior que seja o disfarce, a verdade é que o país continua mal, a retoma não existe, pelo menos que seja digna de ser mencionada, e o investimento continua longe destas paragens. O investimento, tão propalado pelo governo e orgulho do vice-primeiro ministro resume-se a uns quantos vistos Gold concedidos a alguns novos ricos de origem, no mínimo, duvidosa e a uns quantos abutres que aproveitam a venda apressada das melhores e rentáveis empresas portuguesas para satisfazerem os seus desejos de gula financeira. Em vez de investimento, alguns acabam por destruir o emprego criado. Portugal, na ânsia de diminuir o défice e obedecer aos ditames da TROIKA, acaba por se desfazer dos seus melhores activos. O problema vai ser daqui a uns anos, mas nessa altura já ninguém se lembrará e os responsáveis, como é hábito, culparão outros pelo sucedido. A somar a tudo isto, sabe-se que as empresas portuguesas são das mais descapitalizadas da

A LÓGICA DO TIO PATINHAS!

A LÓGICA DO TIO PATINHAS A um ministro, seja qual for a sua área de intervenção ou ideológica, é-lhe pedido que governe em nome e em prol da causa pública, do bem comum, respeitando o compromisso que lhe foi outorgado através do voto. É em nome desse compromisso que qualquer ministro, ou qualquer outro eleito, deve respeito ao povo que o elegeu. Esse é um princípio ético de um estado democrático e ao qual qualquer eleito deve não apenas ser sensível, mas, sobretudo, respeitá-lo. É também em nome desse princípio que o eleito deve ter o cuidado de não ferir a dignidade de quem lhe outorgou o poder. Quando a Ministra das Finanças diz termos os cofres cheios, o que nos permitirá fazer face a eventuais percalços (saída da Grécia do Euro?!), está, de facto, a atentar contra a dignidade de quem a elegeu, não pelo facto das disponibilidades financeiras, mas pelo facto de isso se dever ao empobrecimento do povo que a elegeu. Além disso, essa disponibilidade financeira tem custos em juros e,

VIP's SOMOS TODOS NÓS

Não concebo, ao contrário de alguns (talvez muitos!), a existência de qualquer lista VIP da Autoridade Tributária, seja ele oficial ou oficiosa. A existência de uma qualquer lista deste tipo significa que há contribuintes que, apenas pelo facto de estarem mais expostos, merecem tratamento ou protecção especial da parte do Fisco. Ora, numa democracia não me parece que tal situação transparente e, muito menos justa. Se, por hipótese, uma tal lista existisse - infelizmente parece que existe mesmo- seria então natural, em nome da transparência, que se soubesse quem dela consta. Imaginem que um vosso vizinho, funcionário da Autoridade Tributária, que devido a alguns desentendimentos decidia revelar aos outros vizinhos toda a sua «ficha fiscal». Seria este facto menos grave do que se de facto se tratasse de uma pessoa pública? Não me parece que uma maior protecção dos contribuintes resida na criação de listas «VIP». Esta questão é grave porque, ao detectar-se tal necessidade, isso significa

EUROPA: O QUE NÃO NOS DIZEM

Eu pertenço àquele grupo, cada vez maior creio eu, que pensa não ser mais possível continuar a aceitar, de forma acrítica e negando o nosso dever de cidadania, o estado a que as coisas chegaram e cuja responsabilidade em muito se deve às pessoas que nos governam, seja no País, seja na Europa, mas também ao sistema financeiro que ganhou um poder inaceitável em democracia. Não é por isso de espantar que a maioria dos europeus esteja desiludida com a Europa e os seus dirigentes. O que eles não nos dizem sobre a crise: Que o resgate na Grécia foi sobretudo devido à pressão dos bancos alemães, franceses e ingleses, e serviu para salvar esses mesmos bancos, já que estavam demasiado expostos à dívida grega; Que a soma do resgate a todos os países (Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha) não chegou aos 500 mil milhões de euros e que intervenção nos bancos, para os salvar, foi cerca de 5 biliões de euros, ou seja, dez vezes superior aos países. Ou seja, os contribuintes pagaram para salv

BONS ALUNOS OU SERES RASTEJANTES?

A Ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, tem razão quando diz não termos que nos envergonhar em sermos bons alunos. Admito que em teoria estou de acordo e que esse facto, ainda em teoria, aumentaria por certo a nossa auto-estima enquanto povo. O problema, e por isso apenas em teoria estou de acordo, é que para a Ministra ser bom aluno é ser submisso, cumpridor de rotinas e de ordens, fazer o que nos ordenam que façamos, hipotecando o que somos em nome do que os outros pretendem que sejamos. Para Maria Luís Albuquerque, o bom aluno é um ser amorfo, sem vontade própria, cumprindo apenas o que outros lhe mandam, ou seja, a castração da própria inteligência. A ministra confunde bom aluno com ser submisso e bem comportado. Não será porventura o bom aluno - ou o bom estudante - aquele que exercita a inteligência para se interrogar, para questionar o mundo que o rodeia, para procurar respostas aos desafios, para experimentar novos caminhos, para procurar a verdade multifacetada, a q

A FALSA DIGNIDADE DOS INDIGNOS OU A HUMILHAÇÃO DOS INDIGNADOS

E ste curto período entre a vitória do Syriza - 26 de Janeiro - e o último sábado, dia 20 de Fevereiro, em que a Grécia ocupou as principais páginas dos jornais e a abertura de telejornais, foi o tempo suficiente para que algumas brechas se abrissem tanto no seio do Syriza como nas instituições europeias. O problema é que enquanto as brechas que se abrem no campo Syriza podem ser prejudiciais para os próprios gregos e para toda a Europa, as que se abrem no seio das instituições europeias podem revelar-se benéficas para o futuro da Europa. Não sendo ingénuo, sei que nem o Syriza tem o condão de resolver todos os problemas da Grécia e, sobretudo, dos gregos, nem a União alterará o seu rumo como se um milagre acontecesse. Também sei que o governo grego navega em águas revoltas e que o populismo que tanto o atrai ou a aliança governamental com a direita, podem ser factores de risco elevado que rapidamente pode levar ao desmoronamento aquando das primeiras brechas. Este é um risco que deve

HOJE EU SOU GREGO!

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Todas as opções, sejam elas quais forem, comportam riscos. O direito de optar, de escolher, é também ele um exercício de liberdade. O que confere dignidade às opções que tomamos é o facto de nos sentirmos parte de uma construção, pese embora os riscos que tal opção pode representar, ou seja, que o futuro que se nos apresenta não nos exclua, mas que nos sintamos também parte activa dessa construção. É aí que reside a esperança. Outra coisa bem diferente é entregarmos o futuro nas mãos de terceiros que mais não fazem do que nos roubar toda a dignidade e desenharem para nós um futuro onde só eles terão lugar. O povo grego optou e optar é um acto de liberdade. O mesmo não se pode dizer das instituições europeias e seus representantes que, através de várias pressões e ameaças mais explícitas ou mais encapotadas, mostraram o quanto os incomoda a vontade de um povo quando não são eles a escrever as regras. Deram-nos um triste e lamentável exemplo da forma como é entendida a democracia nas