E ASSIM VAI O PAÍS...E NINGUÉM SE INCOMODA...
INVESTIMENTO
Por mais eloquente que seja o discurso ou por maior que seja o disfarce, a verdade é que o país continua mal, a retoma não existe, pelo menos que seja digna de ser mencionada, e o investimento continua longe destas paragens. O investimento, tão propalado pelo governo e orgulho do vice-primeiro ministro resume-se a uns quantos vistos Gold concedidos a alguns novos ricos de origem, no mínimo, duvidosa e a uns quantos abutres que aproveitam a venda apressada das melhores e rentáveis empresas portuguesas para satisfazerem os seus desejos de gula financeira. Em vez de investimento, alguns acabam por destruir o emprego criado. Portugal, na ânsia de diminuir o défice e obedecer aos ditames da TROIKA, acaba por se desfazer dos seus melhores activos. O problema vai ser daqui a uns anos, mas nessa altura já ninguém se lembrará e os responsáveis, como é hábito, culparão outros pelo sucedido. A somar a tudo isto, sabe-se que as empresas portuguesas são das mais descapitalizadas da Europa. No que toca a investimento produtivo, aquele que cria emprego e mais-valia para o país, nem vê-lo. A ausência de uma estratégia de desenvolvimento que, na verdade, o país nunca teve, faz com que em momentos de crise as fragilidades sejam ainda mais visíveis e que o país, por falta de linhas orientadoras, pouco mais faça que se submeter a interesses que não os seus. Foi isso que aconteceu e continuará a acontecer caso os políticos não assumam a verdadeira responsabilidade do que significa governar. No caso do presente governo, além da ausência de estratégia, junta-se ainda o completo vazio de ideias sobre o país e a desresponsabilização absoluta sobre os actos de governação. O caso da lista VIP da Autoridade Tributária ilustra na perfeição a falta de responsabilidade democrática, a falta de ética e a ideia, que tem atravessado este governo, de uma grande desresponsabilização. Pior ainda, é que o governo parece não ter consciência dos factos, o que revela não apenas uma grande falta de cultura democrática, mas sobretudo ausência de sentido de Estado e menosprezo pelas pessoas e pelo bem comum. Aliás, ficamos agora a saber através do Relatório da Comissão de Protecção de Dados que mais de 2 000 pessoas exteriores às Finanças têm pleno acesso aos dados dos contribuintes sem qualquer tipo de controlo. E parece haver indícios criminais. Parece até que houve quem tenha apagado e_mails comprometedores. Quando tudo isto se passa e o governo diz nada ter a ver com o assunto, começo a desconfiar que a Autoridade Tributária é uma associação de malfeitores que, em nome do governo, decidiu assaltar os bolsos dos portugueses.
Mas voltando ao investimento, ou seja, à falta dele. Dizem os sabedores da matéria que o problema é a falta de confiança. Nisto, penso que os acompanho, já que sem confiança não é possível que invistam em nós. Mas se, em nome do investimento, já se baixou o IRC e já se baixaram escandalosamente os custos do trabalho, por que razão os outros continuam a não confiar? Que nós, portugueses, há muito andamos desconfiados, todos nós o sabemos. Pudera, com BPN, BES, PT, Sócrates, Tecnoforma, Espiões sem escrúpulos, Lista VIP, Ministro que ameaça partir mas que volta vice-primeiro ministro, operação Furacão, submarinos e fotocópias... Que diabo, ninguém aguenta. mas que os outros não confiem, é mesmo para desconfiar... mas quem poderá confiar num país onde nem o próprio governo confia? Quem não investe no país, desde logo nas pessoas e que ao contrário ainda as manda embora, é porque não confia. Como podem os outros confiar?
DESEMPREGO
Andava o governo todo entretido a propagandear a descida do desemprego quando esta semana o INE nos brindou com uma regressão do emprego, voltando a taxa de desemprego a atingir os 14%. Por ironia, o último post aqui publicado tinha sido sobre o desemprego e, por conseguinte, sobre o assunto não vou adiantar mais. Não vale a pena fingir ou esconder, o desemprego é um problema muito grave, cujas sequelas nós ainda nem conseguimos imaginar, porque elas vão perdurar no tempo e vão deixar marcas para além de uma geração. Basta que olhemos para o abandono escolar, nomeadamente universitário. Este grave problema societal resolve-se, em parte, com investimento e, outra parte, através da inovação e implementação de novos paradigmas na componente trabalho e na redistribuição da riqueza. O pleno emprego, tal como as sociedades estão organizadas, é uma autêntica falácia que os políticos alimentam - todos eles - porque não têm coragem para admitir o contrário. Para que tenham uma ideia da gravidade do problema, deixo-vos um gráfico:
BANCO ASIÁTICO DE INVESTIMENTO (AIIB)
A China decidiu lançar o Banco Asiático de Investimentos em Infraestruturas e Portugal é um dos aderentes. Reino Unido, França e Itália são alguns dos mais de 50 países, incluindo o Brasil, que já aderiram contra as intenções de Washington. Na Europa, a Irlanda é um dos poucos países que continua de fora. O Japão afirmou não ter intenções de aderir. A criação deste banco é a afirmação da China como player mundial e coloca a nu ou questiona o papel de outras entidades como sejam o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional. Perante estes novos factos, vamos ver como evoluirá a Europa, sobretudo quando tem sido tão incapaz para resolver as suas crises internas e, ao contrário, ainda as tem agudizado.
Sejam felizes em seara de gente.
Comentários
Enviar um comentário