QUE UNIÃO É ESTA?

Mais tarde ou mais cedo, a teoria sempre acaba assassinada pela experiência” (A. Einstein)

Somente duas coisas são infinitas: o Universo e a estupidez humana. E não estou seguro quanto à primeira.” (A.Einstein)

Como podemos nós chamar a esta Europa de União e julgá-la como entidade solidária, quando uns poucos ficam com os dividendos e outros apenas com os prejuízos? Exige-se a todos o mesmo, as mesmas metas, os meus objectivos, mas enquanto uns poucos vão vivendo à custa das misérias dos muitos outros, estes vêem-se obrigados a fazer pela vida. Esta é a solidariedade europeia muito à medida da Sra Merkel e dos seus acólitos. Como podemos nós, simples cidadãos, acreditar e confiar em líderes que quando as coisas correm mal (veja-se o caso recente de Chipre) logo sacodem a água do capote e, de preferência, para o capote do vizinho mais fragilizado?! Uma Europa construída de cinismos e de líderes que apenas têm como objectivo o poder, mas que perderam qualquer autoridade que porventura, em algum momento, tenham tido. Mas pior do que esta entidade moribunda, que esperneia no sentido de acelerar o seu fim, são governos – como o nosso, infelizmente – que se submete aos ditames de senhora decrépita. Como é possível que em tempos o programa de ajustamento – ao contrário do que muitos já diziam e cujas consequências previram – fosse tido como o exemplo a seguir, teimando os executores ir mesmo além dele, e agora seja olhado como mal desenhado (já se adivinha quem serão os culpados) e cujas consequências não estariam previstas. Estes senhores devem ter andado muito distraídos!… O que nos choca e indigna é que tenham chegado a esta brilhante conclusão e que continuem a fazer exactamente o mesmo e sem sequer se penitenciarem perante todos aqueles que sofrem as consequências de um programa mal desenhado. Que apesar de mal desenhado, ainda foram além dele.

Uma última nota sobre as petições que correm por aí – a favor e contra – sobre o regresso de José Sócrates e a oportunidade que lhe foi dada de comentador na televisão pública. Confesso que não entendo como se gastam tantas energias em inutilidades quando poderiam ser canalizadas para outros feitos bem mais úteis ao colectivo. A única preocupação que eventualmente colocaria questões seriam os seus honorários, como, segundo nos garantem, essa questão não se coloca, não vejo qual o problema. Aliás, o problema existe e é bem mais complexo e com consequências das quais os próprios não têm consciência. Quando os militantes das redes sociais se arrogam o direito de decidir «democraticamente» sobre a intervenção de terceiros, existe algo de muito errado na democracia. Primeiro, a banalização das petições, equiparando-as ao referendo, como se elas fossem a sede da democracia. Segundo, os seus promotores que não se dão conta de que a sua forma de actuar apenas diminui a democracia – ao contrário do que pretendem fazer crer – e em muito se assemelham a pequenos comportamentos ditatoriais cujas consequências seriam desastrosas. Como eu gostaria – e o mesmo acontecerá em relação à minha pessoa – que muitos dos que andam pelas redes sociais se calassem definitivamente! Mas o importante é que sejamos capazes de relativizar as coisas, dar-lhes o devido enquadramento, ouvir e reflectir sobre a argumentação (quando existe!) e, dessa forma, amadurecermos e construirmos algo que seja colectivo. Importa também não esquecer que a democracia necessita de mediações, sejam elas quais forem.

As redes sociais são óptimas como forma de expressão, mas valem o que valem. E, felizmente, não é nelas que reside a sede da democracia, pois se assim fosse estaríamos definitivamente perdidos e condenados à ditadura da superficialidade, dos boatos, da estupidez e da ignorância.

Sejam felizes em seara de gente!

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