EUROPA: JOGO DE ADOLESCENTES


É inacreditável, incompreensível, inexplicável, o que está a acontecer ao povo cipriota.  Pior, o que esta Europa, que desejaríamos minimamente solidária, lhe está a fazer. Os responsáveis europeus, tecnocratas de uma Europa sem visão política de futuro, parecem tratar os assuntos dos povos, das pessoas, dos estados-membros, como se de um jogo se tratasse e cujas regras os mais fortes vão ditando segundo a sua conveniência. O que agora pretenderam impor aos cipriotas, embora já tenham recuado,  dá-nos a sensação de que o que realmente pretendem é o fim da União Europeia. O pior é que fica-se com a sensação de que o recuo não se deve a um rasgo de bom senso, mas ao receio de que as coisas saiam do seu controlo. O medo de perder o poder que julgam ter. A destruição parece ser o objectivo  por isso quanto maior for o incêndio e quantas mais frentes, tanto melhor. Os grandes da Europa parecem querer dizer-nos que passam bem sem uns tantos e que não estão para aturar esses tantos que, por acaso, até têm suportado ao limite os desvarios daqueles. E imaginam eles, nesses seus jogos de adolescentes, que se sairão vencedores sozinhos. Esquecem apenas um pequeno detalhe: a realidade não se resume a um mero jogo ou a uma mera folha de cálculo com uns tantos números e gráficos; a realidade não se compadece com a imbecilidade daqueles que se pensam superiores apenas porque têm poder. Sobre o caso, algumas breves notas.
1. Aquilo em que o Chipre se tornou, nomeadamente um paraíso fiscal dentro da Europa, muito o deve àqueles que agora lhe viram as costas por acharem não ser mais útil.

2. Não se percebe que os mesmos que não permitiram que o perdão da dívida grega recaísse sobre os particulares agora, com a maior desfaçatez, não sintam qualquer tipo de prurido em ir ao bolso dos pequenos aforradores. É este o sentido de justiça dos responsáveis europeus!!

3. Existe uma indicação europeia de que os depósitos inferiores a cem mil euros são intocáveis no caso da existência de problemas graves no sistema financeiro. Se assim é, porque anuíram no caso de Chipre?

4. Chipre fica numa zona geográfica estratégica que atrai interesses de várias zonas do globo. É uma zona estrategicamente nevrálgica para a Europa e todo o Ocidente. Ignorar o facto é não apenas falta de bom senso, mas incompetência política.

5. Parece existir uma demissão dos responsáveis de todos os estados membros, deixando nas mãos de alguns países - no caso da Alemanha e da Holanda - decisões que a todos afectam.

Ser um bom tecnocrata, embora até nesse aspecto tenha grandes dúvidas, não é condição suficiente, muito longe disso, para se ser um bom político. Mas quando os tecnocratas a única realidade que conhecem é a dos gabinetes, dos jogos e de folhas de cálculo, começamos a perceber que a Europa foi um ar que lhe deu!...

Sejam felizes em seara de gente!


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