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A mostrar mensagens de setembro, 2020

Populismos e riscos para a Democracia

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  Não gosto de populismos, sejam eles de esquerda, de direita ou de coisa alguma. Mas nem todos, em determinado momento e tendo em conta as circunstâncias que os geram, moldam, e lhes dão acolhimento, representam o mesmo risco para as democracias. Importa ler a realidade e ter sentido crítico para que se perceba que, em determinado momento, o grau de risco que cada um deles representa para as democracias é diferente. Quando se confunde e mistura tudo, pretendendo equipará-los sem ter em devida consideração a leitura da realidade em que se inserem, isso significa que se está a favorecer um deles e, normalmente, o que nesse momento representa maior risco para a democracia. Em vez de um combate cujo foco é o populismo que alastra, dilui-se esse combate numa retórica que mais não faz do que aplanar o caminho a quem está em voga, na mó de cima. Aliás, quem faz esse tipo de equiparações normalmente está ideologicamente mais próximo daquele que representa maior risco para a democracia. Embora

Confusões da Sra Bastonária

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  A Senhora Bastonária da Ordem dos Enfermeiros parece ser propensa a algumas confusões que, diga-se, revelam entendimento muito singular das funções que desempenha. Duvido, na minha modesta opinião, que tal entendimento sirva os interesses da classe que representa enquanto coletivo, incluindo aí os cerca de 60% que não votaram. A Senhora Bastonária parece confundir manifestação de amizade (foro individual) com manifestação de apoio (foro público). Admito que manifestações de amizade possam acontecer no espaço mediático quando a pessoa a quem se dirige se encontre numa situação pessoal (foro individual) em que seja importante, enquanto ser humano, a manifestação desse apoio. Não me parece que fosse o caso. Manifestações de amizade não necessitam do espaço público, muito menos mediático, para serem validadas. Uma outra confusão é a de colocar no mesmo plano a presença pessoal (individual) num evento e a sua presença enquanto representante de uma instituição que, imagino eu, conte no seu

Rui Pinto e o Interesse Público

 Não gosto de justiceiros, nem de quem se julga moralmente superior. Também não penso que tais atitudes possam servir a democracia. O que se arvoram em justiceiros não fazem justiça, aplicam a ideia que eles fazem da justiça, de acordo com os seus valores, preconceitos e visão sobre o mundo e sobre a realidade. Acontece que a justiça e a sua aplicação nas sociedades democráticas são bens coletivos e não individuais. São o distintivo dos valores, morais e éticos, que a sociedade como um todo defende e pratica. Os eventuais desvios são apenas exceções e nunca se podem constituir em regra. Essa forma de olhar é própria das ditaduras, das sociedades destruturadas, sem lei e onde o Estado de Direito é substituído pelo vazio. Não olho para Rui Pinto como um herói, mas também não o vejo como um bandido da pior espécie. Importa colocar as coisas no seu devido lugar e tentar entender a realidade de hoje, sobretudo quando mediada pelas redes sociais e pelos meios tecnológicos hoje massificados.