BONS ALUNOS OU SERES RASTEJANTES?
A Ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, tem razão quando diz não termos que nos envergonhar em sermos bons alunos. Admito que em teoria estou de acordo e que esse facto, ainda em teoria, aumentaria por certo a nossa auto-estima enquanto povo. O problema, e por isso apenas em teoria estou de acordo, é que para a Ministra ser bom aluno é ser submisso, cumpridor de rotinas e de ordens, fazer o que nos ordenam que façamos, hipotecando o que somos em nome do que os outros pretendem que sejamos. Para Maria Luís Albuquerque, o bom aluno é um ser amorfo, sem vontade própria, cumprindo apenas o que outros lhe mandam, ou seja, a castração da própria inteligência. A ministra confunde bom aluno com ser submisso e bem comportado. Não será porventura o bom aluno - ou o bom estudante - aquele que exercita a inteligência para se interrogar, para questionar o mundo que o rodeia, para procurar respostas aos desafios, para experimentar novos caminhos, para procurar a verdade multifacetada, a qual será sempre diferente daquela que os outros pretendem que seja a sua.O bom aluno não é aquele que diz sim, mas aquele que aprende a dizer não e a construir um sim condicional. O bom aluno a que Maria Luís Albuquerque se refere é mais do tipo graxista.
Disse também a Ministra das Finanças que não temos que nos comportar como miúdos rebeldes de 15 anos, idade própria da rebeldia. Sem o assumir - estilo muito próprio a Maria Luís Albuquerque - trata-se de mais uma indirecta ao governo grego. Gostaria de lembrar à Senhora Ministra que a rebeldia não tem idade, apenas o tipo de rebeldia, a sua qualidade e intencionalidade se pode associar à idade. Felizmente que existem rebeldes em todas as idades, porque sem eles não haveria mudanças ou revoluções, porque sem ela não teria acontecido o 25 de Abril. Mas este tipo de entendimento está vedado aos bons alunos, apenas os bons estudantes o entendem. Se para o Primeiro Ministro se tratava de um sonho de crianças, para a Ministra das Finanças trata-se de rebeldia adolescente. Será que esta gente convive assim tão mal com a democracia? A verdade é que seja por causa do tempo pré-eleitoral, seja pela ousadia grega, agora até o governo português, embora timidamente, já ousa criticar as incoerências da Comissão. Então já esqueceram os erros da folha excel ou as declarações do FMI de que tinham calculado mal os efeitos do programa de resgate? Afinal a ousadia grega deve ter feito alguma moça, mesmo se minúscula, na consciência destes nossos governantes. O problema é que quem nasceu para ser bom aluno, bem comportadinho, sem vontade própria, dificilmente terá coragem para enfrentar a adversidade.
Há por aí alguns apóstolos troikianos, uns disfarçados outros assumidos, que se regozijam com as cedências do governo grego e exultam de forma patriótica a posição do governo português. Presumo que alguns desses pobres de espírito - porque não sabem o que está verdadeiramente em jogo - terão por certo a compensação dos mercados e de um qualquer lugar à medida de um verdadeiro serviçal. Quem gatinha aprenderá por certo a levantar-se e quando acontecer terá certamente fortalecido a sua espinha dorsal. Já quanto aos que rastejam, por mais que se esforcem nunca deixarão de pertencer aos seres rastejantes. É essa a diferença entre ceder - o que implica afrontamento e negociação - e aceitar acriticamente o que nos propõem. Quem cede significa que se colocou numa posição de negociador e teve a coragem de afrontar o poder da parte mais forte, ousou propor outros caminhos. Aos rastejantes cabe o papel, porventura cómodo, de executar o que os outros impõem. Talvez por essa razão não os incomode, nem tão pouco seja um atentado à sua dignidade, terem que negociar com serviçais de terceira ou quarta categoria a mando dos seus senhores. Não é de espantar, já que do seu lugar de observação - o chão - será impossível enxergar o que se passa à sua volta.
Para terminar, imaginem que Sócrates não tinha pago à Segurança Social durante 5 anos?!... O que não se diria... Mas coitado, a Passos Coelho a Segurança Social, que na verdade funciona muito mal, esqueceu-se de avisar. Então e o Senhor foi para Primeiro Ministro sem saldar a dívida? Cheira-me que estava a ver se passava.
Também não percebo a razão pela qual estão a ser processados os funcionários da Autoridade Tributária que acederam aos dados fiscais do Primeiro-Ministro. Então a declaração que ele fez ao Tribunal Constitucional não é pública (Lei n.º 4/83, de 2 de Abril, com as alterações introduzidas pela Lei n.º 38/83, de 25 de Outubro, Lei n.º 25/95, de 18 de Agosto, Lei n.º 19/2008, de 21 de Abril, Lei n.º 30/2008, de 10 de Julho e Lei n.º 38/2010, de 2 de Setembro) ? Deixem-se de fantochadas ou será que existe algo que não sabemos?
Sejam felizes em seara de gente.
Disse também a Ministra das Finanças que não temos que nos comportar como miúdos rebeldes de 15 anos, idade própria da rebeldia. Sem o assumir - estilo muito próprio a Maria Luís Albuquerque - trata-se de mais uma indirecta ao governo grego. Gostaria de lembrar à Senhora Ministra que a rebeldia não tem idade, apenas o tipo de rebeldia, a sua qualidade e intencionalidade se pode associar à idade. Felizmente que existem rebeldes em todas as idades, porque sem eles não haveria mudanças ou revoluções, porque sem ela não teria acontecido o 25 de Abril. Mas este tipo de entendimento está vedado aos bons alunos, apenas os bons estudantes o entendem. Se para o Primeiro Ministro se tratava de um sonho de crianças, para a Ministra das Finanças trata-se de rebeldia adolescente. Será que esta gente convive assim tão mal com a democracia? A verdade é que seja por causa do tempo pré-eleitoral, seja pela ousadia grega, agora até o governo português, embora timidamente, já ousa criticar as incoerências da Comissão. Então já esqueceram os erros da folha excel ou as declarações do FMI de que tinham calculado mal os efeitos do programa de resgate? Afinal a ousadia grega deve ter feito alguma moça, mesmo se minúscula, na consciência destes nossos governantes. O problema é que quem nasceu para ser bom aluno, bem comportadinho, sem vontade própria, dificilmente terá coragem para enfrentar a adversidade.
Há por aí alguns apóstolos troikianos, uns disfarçados outros assumidos, que se regozijam com as cedências do governo grego e exultam de forma patriótica a posição do governo português. Presumo que alguns desses pobres de espírito - porque não sabem o que está verdadeiramente em jogo - terão por certo a compensação dos mercados e de um qualquer lugar à medida de um verdadeiro serviçal. Quem gatinha aprenderá por certo a levantar-se e quando acontecer terá certamente fortalecido a sua espinha dorsal. Já quanto aos que rastejam, por mais que se esforcem nunca deixarão de pertencer aos seres rastejantes. É essa a diferença entre ceder - o que implica afrontamento e negociação - e aceitar acriticamente o que nos propõem. Quem cede significa que se colocou numa posição de negociador e teve a coragem de afrontar o poder da parte mais forte, ousou propor outros caminhos. Aos rastejantes cabe o papel, porventura cómodo, de executar o que os outros impõem. Talvez por essa razão não os incomode, nem tão pouco seja um atentado à sua dignidade, terem que negociar com serviçais de terceira ou quarta categoria a mando dos seus senhores. Não é de espantar, já que do seu lugar de observação - o chão - será impossível enxergar o que se passa à sua volta.
Para terminar, imaginem que Sócrates não tinha pago à Segurança Social durante 5 anos?!... O que não se diria... Mas coitado, a Passos Coelho a Segurança Social, que na verdade funciona muito mal, esqueceu-se de avisar. Então e o Senhor foi para Primeiro Ministro sem saldar a dívida? Cheira-me que estava a ver se passava.
Também não percebo a razão pela qual estão a ser processados os funcionários da Autoridade Tributária que acederam aos dados fiscais do Primeiro-Ministro. Então a declaração que ele fez ao Tribunal Constitucional não é pública (Lei n.º 4/83, de 2 de Abril, com as alterações introduzidas pela Lei n.º 38/83, de 25 de Outubro, Lei n.º 25/95, de 18 de Agosto, Lei n.º 19/2008, de 21 de Abril, Lei n.º 30/2008, de 10 de Julho e Lei n.º 38/2010, de 2 de Setembro) ? Deixem-se de fantochadas ou será que existe algo que não sabemos?
Sejam felizes em seara de gente.
Comentários
Enviar um comentário