E ASSIM VAI O REINO DE PASSOS PERDIDO…
Este novo governo, que agora não se poderá queixar do anterior, sai de uma crise para entrar logo numa outra. Parece um labirinto de crises cuja saída, por demasiada desorientação, não poderem encontrar. Passos Coelho está fadado para crises. Deve ser mesmo destino! Ainda mal tomou posse e já se anunciam problemas para a Ministra das Finanças, os quais, diga-se, poderiam ser evitados logo na nascente. Acredito, como ela própria afirma, que não tenha mentido a propósito dos swaps, mas, e isso parece hoje claro, tentou driblar, omitir e cultivou, alimentou e fez questão de manter uma penumbra nebulosa nada clarificadora. Tudo isto vindo de uma Ministra das Finanças é, no mínimo, pouco ético e muito pouco transparente. E como tudo teria sido bem mais fácil se logo no início tivesse cortado o mal pela raiz e explicado, mesmo admitindo eventuais falhas suas, tudo o que haveria para explicar. Por que motivos não o terá feito? A resposta só a própria a poderia dar se não se tivesse deixado enredar numa teia que a foi envolvendo e da qual agora dificilmente se libertará. Pode-se, contudo, especular sobre alguns dos motivos. Aliás, resta ainda uma pequena questão a esclarecer: porque terá ela dito na Comissão não ter sido feito, durante a vigência deste Governo, qualquer contrato deste tipo quando ela própria autorizou a Parpública?
1. Tendo Comissão sobre os swaps sido solicitada pela maioria, é evidente que o objetivo seria a de responsabilizar o anterior governo pelo descalabro de tais contratos/negócios. O problema é que a própria maioria se preparou mal e descurou informação sobre o problema.
2. Maria Luís Albuquerque, por lealdade, arrogância intelectual e técnica ou preconceitos políticos, deixou-se ela própria apanhar pela armadilha que inconscientemente e por ignorância e impreparação a própria maioria lhe preparou.
3. Estando ela própria envolvida nesses contratos enquanto responsável de uma das empresas, e sendo ela a responsável, enquanto Secretária de Estado, da sua análise, o mínimo exigível é que os critérios de análise fossem claros, transparentes, que fossem divulgados juntamente com as conclusões e que a própria se tivesse mantido à distância.
4. Tendo sido cometidos alguns deslizes ou tendo levado demasiado tempo a dar importância devida ao problema, não terá querido – ela ou o governo – dar o braço a torcer, visto isso ir contra o objetivo estratégico inicial do governo quando a maioria propôs a criação da Comissão.
É verdade que estes eventuais motivos são pura especulação, mas na falta de clarificação somos tentados a especular. O célebre argumento, já gasto e sem qualquer efeito clarificativo, de dizer que das pastas de transição nada constava, é falacioso e pode indiciar alguma «má fé» ou desejo de manter na penumbra, em nome de interesses estratégicos do governo, o que não lhe interessa. É natural que na passagem de testemunho haja informação que não estando devidamente documentada seja objeto de conversa e considerações ou alertas para quem inicia funções. E tudo isso é informação que faz parte da transição, esteja ou não fisicamente documentada. Maria Luís Albuquerque poderia dizer, o que seria natural e do mais elementar bom senso, que não tinha em seu poder toda a informação necessária para tomar uma boa decisão e poderia clarificar qual a informação em falta. Todos nós compreenderíamos e aceitaríamos. Infelizmente, não foi isso que ela fez.
Como se todo esse imbróglio não fosse ainda suficiente, vem agora juntar-se mais uma fatura do BPN resultante de uma negociação que se revela desastrosa para todos nós. Embora acredite que não o seja, isto mais se assemelha a um negócio para favorecer determinados interesses. Por tudo isto, Maria Luís Albuquerque deixou de ser alguém politicamente confiável o que, por si só, lhe retira qualquer credibilidade quanto ao cargo que ocupa. Bem sei que credibilidade externa não lhe faltará, mas ela é governante deste País e deste povo e não dos tecnocratas de Bruxelas ou outros. Acrescente-se, contudo, que de alguns, que até já foram membros de outros governos, se exigiria algum decoro evitando, em determinados dias da semana, vestirem a pele dos arautos da moral e da defesa dos interesses do País para logo a seguir, nos restantes dias da semana, vestirem o fato de cobradores de interesses pouco condizentes com a moral e a ética, mesmo dos negócios. Estão no direito de defender os interesses e o nome daqueles para quem trabalham e lhes pagam mordomias chorudas, mas no mínimo sejam dignos nas funções que desempenham.
E assim vai o reino de Passos… perdido entre os labirintos da governação.
Sejam felizes em seara de gente.
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