A CRISE NÃO EXISTE... TORNOU-SE NORMALIDADE

A ideia que anda na boca da maioria dos comentadores e de muitos economistas de que nos podemos tornar numa Grécia - no essencial duvido que haja grandes diferenças - se os nossos governantes continuarem a assobiar para o ar fingindo de que nada é com eles, parece-me pouco sensata, sobretudo quando as razões em que assenta tal discurso são as mesmas que justificam a política seguida até ao momento. Caminhamos certamente para uma situação semelhante à grega, não apenas porque a nossa classe política anda a brincar aos governos, mas sobretudo porque os mandantes da Europa pensam poder continuar a enriquecer à custa da miséria dos outros, como se isso fosse a solução para a Europa. Por outro lado temos uma zona euro com um banco central, mas que também ele anda a brincar aos banqueiros. Seria este o comportamento adequado de um qualquer banco central nacional? Ou pretende-se que a Europa e a zona euro seja apenas para uns quantos que vão atrofiando os restantes, ou seja, a maioria? Continuar neste rumo só nos conduz cada vez mais ao abismo. E quando despertarmos, será tarde porque estaremos em desequilíbrio à beira do precipício! É tempo de confrontarmos os credores com a realidade e, estou certo, que eles não serão idiotas ao ponto de tudo perderem, já que a continuar assim será impossível pagar a dívida. Se não mudarmos - nós e os outros - rapidamente de rota, iremos todos ao fundo, nós e a Europa. E isto em nome de uma política usurária e pouco solidária.
Isto deve estar de tal maneira que agora todos deram em dar à sola. Segundo parece a recente Secretária de Estado do Tesouro, Elsa Rocon, e toda a sua equipa decidiram abandonar o barco. Pelas amostras que têm surgido, imagino como o falhanço será colossal? E o Presidente continua calmamente à espera de um acordo fora de tempo. Será por isso que pretende envolver o Partido Socialista?! Há muito que o Presidente perdeu o comboio desta história. Se é que alguma vez ele o apanhou!
Nem sempre Portugal está na cauda dos rankings europeus, pois no que toca aos banqueiros mais bem pagos estamos no pelotão da frente. Um merecido 10º lugar! Onze banqueiros - nem sabia que existiam tantos - e durante 2011, auferiram, em média, 1,6 milhões de euros. E viva a crise! No total arrecadaram 17,7 milhões de euros, valor no entanto inferior ao que auferiram em 2010: 19 milhões. Coitados, a isto chama-se solidariedade.
Afinal a crise já não existe, porque tudo isto é normal.
Sejam felizes em seara de gente.

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