ORGANIZAÇÃO? ESSE É O NOSSO FORTE.
Ao contrário da grande maioria, eu penso que somos uma país romanamente organizado. Duvido - tenho quase certezas - de que seja a melhor das organizações, mas que somos peritos em organização, lá isso somos! Somos tão organizados que perdemos imenso tempo com inutilidades organizativas. Ou então, pretendemos uma organização tão perfeita que tropeçamos amiúde nas imperfeições - que são muitas - da nossa organização. O problema é que nós teimamos em fundar o nosso tipo de organização na acção legislativa - necessária - e em procedimentos, em vez de a fundarmos na flexibilização, agilização, eficiência e, sobretudo, responsabilização. Por isso, criamos burocracia e azucrinamos a cabeça do incauto cidadão em vez de lhe facilitarmos a vida e o obrigarmos, também a ele, a ser mais eficaz e eficiente.
Divirtam-se com um pequeno exercício, é um pouco demagógico- diria caricatural -, mas ajuda-nos a tomar consciência de alguns dos nossos problemas. Para cada um dos itens que lhe proponho, faça uma estimativa do tempo gasto, multiplicado pelo número de pessoas.
1. Pense num formulário que já teve que preencher e que não serviu para nada;
2. Imagine as reuniões necessárias para chegarem a esse tipo formulário;
3. Imagine as pessoas presentes nessas reuniões;
4. Imagine o número de pessoas e tempo gasto na reprodução desse formulário;
5. Imagine o tempo gasto por uma pessoa na análise do formulário que você preencheu.
6. Estimado o tempo gasto nesse formulário, multiplique-o por um preço/hora (por mínimo que seja);
7. Se desejar continuar com essa brincadeira, multiplique esse custo por uma estimativa do número de pessoas que nesse mesmo dia preencheram esse mesmo formulário;
8. Finalmente, multiplique esse custo diário pelos dias úteis do ano.
9. Finalmente pense no valor a que chegou. Esse é o custo de um simples acto burocrático.
Reconheço que este exercício é um pouco demagógico, pois existem alguns ganhos de escala não considerados e o que, por vezes, nos parece inútil nem sempre o é.
Podem também imaginar a aventura de se dirigirem a um qualquer serviço para resolver um pequeno problema e serem obrigados - porque somos demasiadamente organizados e especializados - a passar não sei por quantos guichets (se lhe resolverem o problema!). Contabilize o tempo gasto, multiplique-o por um custo hora e multiplique-o por uma estimativa do número de pessoas a quem acontece o mesmo nesse mesmo dia. E podíamos imaginar vários exercícios a partir de factos acontecidos, histórias que muitos conhecem e desembocamos sempre em algo que nos parece pouco aceitável. E não faltarão exemplos em todas as áreas. Na Justiça muitos se queixam da quantidade de leis produzidas, da sua débil estabilidade, das muitas contradições, das falhas ou, ainda, das que nunca chegaram a ser aplicadas. Diga-se, em abono da verdade, que a União Europeia também é nesse campo especialista. Somos quase levados a pensar que em Portugal existe uma tendência quase compulsiva para a organização, para ter regras e mais regras, procedimentos e mais procedimentos, tornando as pessoas máquinas de execução consoante as normas e não seres criativos, com iniciativa, responsáveis e capazes de decidir, sem receio de assumir a sua decisão. Somos tão organizados que às pessoas não cabe decidir, mas apenas cumprir. No meio de tanta confusão organizacional, o que as pessoas acabam por fazer é não cumprir, é não respeitar ... porque muito dessa organização lhes parece disparatada, injusta ou que as obriga a uma subserviência na qual nunca se reviram.
Concluindo, o problema não é a falta de organização, mas o tipo de organização que pretendemos e se nela valorizamos as pessoas ou os procedimentos. E andamos nós todos entretidos a falar em desperdícios e produtividade!... Andamos mas é todos com as voltas troikadas!
Tentem, desorganizadamente, ser felizes em seara de gente, porque já vão tendo idade para ter algum juízo.
Podem também imaginar a aventura de se dirigirem a um qualquer serviço para resolver um pequeno problema e serem obrigados - porque somos demasiadamente organizados e especializados - a passar não sei por quantos guichets (se lhe resolverem o problema!). Contabilize o tempo gasto, multiplique-o por um custo hora e multiplique-o por uma estimativa do número de pessoas a quem acontece o mesmo nesse mesmo dia. E podíamos imaginar vários exercícios a partir de factos acontecidos, histórias que muitos conhecem e desembocamos sempre em algo que nos parece pouco aceitável. E não faltarão exemplos em todas as áreas. Na Justiça muitos se queixam da quantidade de leis produzidas, da sua débil estabilidade, das muitas contradições, das falhas ou, ainda, das que nunca chegaram a ser aplicadas. Diga-se, em abono da verdade, que a União Europeia também é nesse campo especialista. Somos quase levados a pensar que em Portugal existe uma tendência quase compulsiva para a organização, para ter regras e mais regras, procedimentos e mais procedimentos, tornando as pessoas máquinas de execução consoante as normas e não seres criativos, com iniciativa, responsáveis e capazes de decidir, sem receio de assumir a sua decisão. Somos tão organizados que às pessoas não cabe decidir, mas apenas cumprir. No meio de tanta confusão organizacional, o que as pessoas acabam por fazer é não cumprir, é não respeitar ... porque muito dessa organização lhes parece disparatada, injusta ou que as obriga a uma subserviência na qual nunca se reviram.
Concluindo, o problema não é a falta de organização, mas o tipo de organização que pretendemos e se nela valorizamos as pessoas ou os procedimentos. E andamos nós todos entretidos a falar em desperdícios e produtividade!... Andamos mas é todos com as voltas troikadas!
Tentem, desorganizadamente, ser felizes em seara de gente, porque já vão tendo idade para ter algum juízo.
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