OS REIS QUE GOVERNAM
1. Os reis que nos governam
Imaginem um qualquer filme sobre a Mafia - tipo Francis Coppola - onde o padrinho decide, sem sujar as mãos, livrar-se de um dos seus fiéis "afilhados". A forma por ele idealizada implicava que o fiel serviçal executasse serviços cada vez mais perigosos até que o inevitável acontecesse, ou seja, que alguém se encarregasse de fazer o que o grande chefe nunca assumiu ou que a própria vítima se antecipasse. A receita era de tal forma dura que poderia executar uma ordem no dia seguinte totalmente contrária à do dia anterior. O plano, como imagina, só resultaria se o fiel e leal súbdito cegamente acatasse as ordens do patrão de forma a cumprir o destino antecipadamente traçado.
Imaginem um qualquer filme sobre a Mafia - tipo Francis Coppola - onde o padrinho decide, sem sujar as mãos, livrar-se de um dos seus fiéis "afilhados". A forma por ele idealizada implicava que o fiel serviçal executasse serviços cada vez mais perigosos até que o inevitável acontecesse, ou seja, que alguém se encarregasse de fazer o que o grande chefe nunca assumiu ou que a própria vítima se antecipasse. A receita era de tal forma dura que poderia executar uma ordem no dia seguinte totalmente contrária à do dia anterior. O plano, como imagina, só resultaria se o fiel e leal súbdito cegamente acatasse as ordens do patrão de forma a cumprir o destino antecipadamente traçado.
Pode, se assim mais lhe aprouver, imaginar outros cenários. Imagine, por exemplo, um qualquer Rei, sentado no seu belo trono e completamente alheado do que fora do palácio se passa e se vive. Do seu povo apenas conhece os impostos cobrados, que o representante do Tesouro lhe traz e que lhe permitem desfrutar dos prazeres aos quais se julga ser o único à face da Terra com direito. Entretanto chegou o dia em que um mensageiro lhe anunciou não haver mais impostos para cobrar. Perguntou o Rei como era tamanha estupidez possível ao que o mensageiro respondeu não haver mais a quem cobrar. E assim se findou um Reino e com ele um Rei que nada sabia do seu povo.
Desculpem tamanha falta de jeito, mas esta foi a melhor forma que encontrei para mostrar o quanto é pérfido o reinado das agências de rating e dos mercados financeiros. Não se percebe - há quem entenda muito bem! - como aceitam as democracias ditaduras deste tipo e poderes que escapam completamente ao seu controlo! A única razão racional é que isso convém, não às democracias, mas a alguns dos Reis destes tempos, desta Economia e deste Desenvolvimento, que vivem à custa das democracias. Uns poucos enriquecem espoliando os muitos que empobrecem.
2. Cumprir o memorando «custe o que custar»
Gente de bem honra os seus compromissos. Todos sabemos, e disso estamos conscientes, que teremos que cumprir o programa que os Reizinhos da Europa e do FMI nos impuseram. Até percebemos que haverá hábitos que teremos que alterar (todos). Quanto a isto estamos conversados. Contudo, parece-me pouco aceitável que o devedor assuma uma atitude de subserviência, um servilismo humilhante, perante os credores, até porque as dívidas - como todos sabemos - regem-se por contratos em que o credor acautela os seus interesses. Solidariedade esta discutível, mas aceitável! É também pouco aceitável - diria mesmo inaceitável - que alguém nos diga que teremos que cumprir «custe o que custar». O caso é tanto mais insólito quando quem nos diz isso mesmo é o Primeiro Ministro, que seria quem esperaríamos nos defendesse das exigências descabidas dos credores. Conscientes de que teremos que pagar - somos gente honrada - a questão reside em saber como e quando e em que condições. É aí que reside a fronteira entre uma atitude de servilismo e uma atitude honrada de devedor que, pese embora a desgraça, é respeitado pelo credor. Por uma das partes estar em desvantagem, isso não significa que contratualmente elas não sejam iguais. E é disso que se trata. Sabemos que é difícil, mas não pode ser a qualquer preço, porque podemos correr o risco de ficarmos para sempre escravos de um qualquer rei menos escrupuloso.
Tentem ser felizes em seara de gente e, com outros, tentem construir novos sonhos.
2. Cumprir o memorando «custe o que custar»
Gente de bem honra os seus compromissos. Todos sabemos, e disso estamos conscientes, que teremos que cumprir o programa que os Reizinhos da Europa e do FMI nos impuseram. Até percebemos que haverá hábitos que teremos que alterar (todos). Quanto a isto estamos conversados. Contudo, parece-me pouco aceitável que o devedor assuma uma atitude de subserviência, um servilismo humilhante, perante os credores, até porque as dívidas - como todos sabemos - regem-se por contratos em que o credor acautela os seus interesses. Solidariedade esta discutível, mas aceitável! É também pouco aceitável - diria mesmo inaceitável - que alguém nos diga que teremos que cumprir «custe o que custar». O caso é tanto mais insólito quando quem nos diz isso mesmo é o Primeiro Ministro, que seria quem esperaríamos nos defendesse das exigências descabidas dos credores. Conscientes de que teremos que pagar - somos gente honrada - a questão reside em saber como e quando e em que condições. É aí que reside a fronteira entre uma atitude de servilismo e uma atitude honrada de devedor que, pese embora a desgraça, é respeitado pelo credor. Por uma das partes estar em desvantagem, isso não significa que contratualmente elas não sejam iguais. E é disso que se trata. Sabemos que é difícil, mas não pode ser a qualquer preço, porque podemos correr o risco de ficarmos para sempre escravos de um qualquer rei menos escrupuloso.
Tentem ser felizes em seara de gente e, com outros, tentem construir novos sonhos.
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