O SILÊNCIO QUE NOS MATA

Parece que vivemos numa profunda letargia ou sofremos de uma resignação tal que aceitamos a fatalidade do destino como o único futuro possível. Vivemos ao ritmo da Troika, salvadores de uma pátria mal amada, e aceitamos acriticamente essa espécie de castigo por uma culpa que nos impingiram. Querem mudar o País, querem transformar o futuro num beco sem saída... Aliás, o País está a mudar e não é apenas graças à Troika, mas também graças à mania que as gentes do poder cultivam - julgando-se deuses do seu tempo - em construir um país à sua imagem e semelhança em vez de se construírem à imagem do povo que os elegeu. Um dia, ao acordarmos, descobriremos que o País que conhecemos já não existe, que o país em que vivemos não é o que sonhamos e sentir-nos--emos apátridas numa terra que já foi nossa. E tudo isto, porque calámos, porque consentimos. Porque o silêncio às vezes mata!

" O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem carácter, nem dos sem ética...O que mais preocupa é o silêncio dos bons ! "
"No final, não nos lembraremos das palavras dos nossos inimigos, mas do silêncio dos nossos amigos."
(Martin Luther King).


"Na primeira noite, 
eles se aproximam 
e colhem uma flor de nosso jardim.
E não dizemos nada


Na segunda noite,
já não se escondem,
pisam as flores,
matam nosso cão.
E não dizemos nada.

Até que um dia, 

o mais frágil deles,
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a lua,
e, conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E porque não dissemos nada,
já não podemos dizer nada.

(Maiakovski, poeta Russo)


Primeiro levaram os negros

Mas não me importei com isso
Eu não era negro

Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário

Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável

Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei

Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo. 



(Bertold Brecht )



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