O GRITO E A VOZ DESTE PAÍS
1. Alguém disse ou sublinhou - penso que um cidadão anglo-saxónico - o facto de os portugueses quando se cumprimentam raramente responderem assertivamente. A resposta mais comum à pergunta «Então, como tem passado?» é «Assim, assim...» ou « Mais ou menos...». Por melhor que se esteja, existe sempre uma pequena desgraça, por diminuta que seja, que nos veda a janela do otimismo. Parece quase uma necessidade patológica de que olhem por nós, cuidem de nós ou apenas a necessidade de atenção. Basta assistir às conversas de uma sala de espera de uma qualquer urgência hospitalar para termos a certeza de que qualquer doente, por mais grave que seja a sua doença, encontrará sempre um outro cuja doença é bem mais grave, ao ponto de nem os «Srs doutores» saberem o que quer que seja de tão grave maleita. É este o nosso fado.