CULPA NÃO É RESPONSABILIDADE
Em Portugal, talvez à semelhança de outros países latinos, confunde-se ou mistura-se com frequência culpa e responsabilidade. Aliás quando se fala da criminalização das opções políticas é disso que se trata, mesmo se os seus defensores não o percebam. Mais do que isso, revela a fragilidade de uma sociedade civil que reconhece a sua incompetência para ela própria se constituir como crítica e guardiã de uma democracia que deseja, mas pela qual pouco luta. Uma vez que, na prática, as iniciativas da sociedade civil são assumidas pelas suas elites e estas, além de preguiçosamente acomodadas e sem rasgo mental inovador digno de aplauso, têm em muito pouca conta o bem colectivo, pode-se assim concluir que a responsabilidade não é fato que assente bem aos portugueses. Os portugueses estão muito mais próximos da culpa, dessa forma desresponsabilizante de sacudir a água do capote e de atribuir a terceiros os males que eventualmente causaram, directa ou indirectamente. A culpa implica castigo...